domingo, 25 de novembro de 2012

DJALMA CORRÊA: UM MINEIRO BAIANO


DJALMA CORRÊA: UM MINEIRO BAIANO
http://tempomusica.blogspot.com.br/2011_09_01_archive.html


Djalma, em foto coletada no site Marcelo Pinheiro

Nascido em Ouro Preto, Minas Gerais, no dia 18 de novembro de 1942, Djalma Novaes Corrêa, que vem de uma família com forte presença da música, passou a viver e estudar em Belo Horizonte a partir dos 12 anos de idade. Depois de aprender bateria, formar-se em eletrônica, e participar de alguns grupos musicais, Djalma viria estudar Percussão e Composição nos Seminários de Música da Universidade Federal da Bahia, passando a conviver e aprender com os mestres daquela casa, a exemplo de Walter Smetak, Hans Joachim Koellreutter, Widmer e muitos outros outros. Além de tocar contrabaixo na Orquestra Sinfônica da UFBa, conseguiu com a direção dos Seminários uma sala, localizada no porão do prédio, onde instalou a sua "oficina".
Essa formação, de ambiência mais acadêmica, somada à sua experiência anterior como músico popular e à que viria desenvolver logo em seguida, com o grupo dos baianos, fez de Djalma um músico completo. Compartilhou com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, Tom Zé, Alcyvando Luz, Fernando Lona e Antonio Renato (Perna Fróes) novas vivências, no ambiente da cultura musical emergente no início da década de 1960, participando das sessões do show "Nós, por Exemplo...", como parte das programações de inauguração do Teatro Vila Velha. 
Djalma permaneceria na Bahia, pesquisando, enquanto o núcleo dos componentes do grupo seguiria, para abrir novos caminhos em São Paulo. As consequências daquelas performances renderam os melhores resultados possíveis, pois a maioria deles se tornariam artistas consagrados. Sem esquecer que desse núcleo é que surgiria o movimento depois batizado de Tropicalismo. Djalma não é exceção. Mas seu trabalho como pesquisador e compositor ficou mais subterrâneo, enquanto que futuramente a sua participação como percussionista se somaria, como elemento essencial, ao sucesso dos demais.
Show "Nós, por Exemplo...", 22 de agosto de 1964

No show de 22 de agosto de 1964, Djalma constou no programa como compositor, além de instrumentista e responsável pela sonoplastia. A última peça era:
Djalma Corrêa - Bossa 2000 D. C. (solo de bateria)

"Nós, por Exemplo...", 7 de setembro de 1964


[Agradecimentos a Douglas Carvalho e a Jarbas Fonseca, pelos programas]

Depoimentos de Djalma Corrêa registrados em fonograma:

[...] "A primeira escola foi o Seminário de Música, da Universidade Federal da Bahia, ao lado desse grande Mestre, Koellreutter, Smetak, Widmer, me ensinou muito. Mas outros mestres, vamos dizer assim da coisa prática, de meter a mão no couro, aí realmente foram os alabês." [...]
"Nós, por Exemplo" foi o nome do show, o primeiro show que a gente fez na Bahia, em conjunto. O grupo formado por (quer dizer, não como se fosse um conjunto vocal ou um grupo, mas um grupo de compositores, cantores e instrumentistas). Eu acho que o primeiro show que se chamava Nós, Por Exemplo, contou com as participações de Maria Bethânia, Gal Costa, Gilberto Gil, Alcyvando Luz, Tom Zé,  Perna Fróes e Djalma Corrêa, além de mim. Djalma Corrêa totalmente, desde o primeiro show" [...]
Nós, Por Exemplo é 1964. Teatro Vila Velha inaugurando.
[...] "Era uma série de espetáculos que inauguravam o teatro Vila Velha. Othon Bastos, João Augusto, aquela turma toda do teatro da Universidade, que criou o Grupo 
de Teatro dos Novos. Todos amigos da gente. Então se pensou "puxa, show musical"! Que na época não existiam shows musicais assim. E aconteceu de ter um grupinho, que a gente se encontrava sempre mas sem nenhuma intenção, nunca houve nenhuma intenção assim de show. Que era Gil, que tocava sanfona, Caetano, 
tocando violão, as composiçõesinhas dele legais, assim as primeiras composições de Caetano.
Gal, que  chamava Maria da Graça. A gente se encontrava sempre. Então era  aquela coisa gostosa de tocar e cantar, aquela coisa bem despretensiosa. Então surgiu 
uma figura chamada Orlando Sena e disse "Nós vamos organizar isso e vamos fazer um show". E esse show aconteceu exatamente pra a inauguração do Teatro Vila Velha (que pegou todo mundo assim de susto, que  ninguém tinha essa intenção de fazer um espetáculo. Foi a primeira vez que Bethânia pisou num palco. A primeira vez que a gente fez um show, assim organizado. E eu era baterista. Mas eu tava metido também com composição, música eletrônica e eu me lembro que nesse show, que era uma coisa assim tão aberta e eu fiz uma peça de música eletrônica. Chamava "Bossa 2000 D.C." Bossa 2000 depois de Cristo. Aí então realmente 
começa uma coisa que também me pega de surpresa, que foi esse lado da música popular, que eu já tocava em Belo Horizonte, que era bailes e tal."


Djalma Corrêa como baterista da
Orquestra do maestro Carlos Lacerda (detalhe)

Foto: acervo da família Lacerda.
 
"Na Bahia eu continuei, tocando com a Orquestra de Carlos Lacerda. E depois então eu trabalhei com esse grupo, que foi o "Nós, por Exemplo...". Caetano, Gil, Bethânia, Gal, Tom Zé, Fernando Lona. E então aí eu comecei a me dedicar de uma forma assim mais séria até pra isso. E comecei a formar um grupo, que sempre foi a minha intenção de reunir esses maravilhosos alabês que eu conheci na Bahia. Foi um trabalho, no início tremendamente difícil, porque a coisa mais difícil, com um alabê é você dar disciplina a ele. Ele é indisciplinado por na tureza. Então as pessoas diziam: "Puxa, você vai trabalhar com Vadinho? É impossível trabalhar com esse cara. Bom, eu consegui depois de muito tempo, Vadinho fez parte desse grupo. Vadinho, Dudu. Fui tendo várias formações do Baiafro. Eu lembro de uma das formações que era Onias Camardelli, Edinho Marundelê, que é um angoleiro maravilhoso. Depois a segunda formação do Vadinho do Gantois, o irmão dele Dudu do Gantois também." [...] 
Fonte:
"A Música Brasileira deste Século Por Seus Autores e Intérpretes - Djalma Corrêa/2000 - SESC SP"

Vadinho, célebre Ogã Alabê do terreiro do Gantois

Djalma coletou registros musicológicos, fez a releitura musical dos toques litúrgicos de feição afro-brasileira, e destacou pela importância do Batacotô, - um tambor cujo toque é símbolo da luta, tendo sito utilizado na revolta dos Malês na Bahia e depois proibido. Seu grande acervo documental incluiu gravações feitas em sessões de terreiros de candomblé, além de outras comunidades ligadas à cultura africana em todo o Brasil, trabalho que se ampliaria depois, através da parceria com o produtor Roberto Santana, que viajou, junto com Djalma, coletando material áudio-visual em diversas regiões brasileiras, no período de 1973 a 1975.
A formação do Grupo Baiafro será o amadurecimento das idéias de Djalma sobre a linguagem percussiva afro-brasileira.
A estudiosa Ayeska Paulafreitas, escutando Ildásio Tavares, deixou registrado em sua monografia sobre o desenvolvimento da chamada Axé Music: [...] "Outro nome importante nesse forno que cozinhou a música de axé (Tavares, 2005) foi Djalma Corrêa(*), que contribuiu para a forte presença da percussão na música baiana das décadas de 60 e 70. Corrêa criou o grupo Baiafro, que chegou a ter 21 integrantes, inclusive bailarinos, e fez apresentações no exterior. Realizou experiências com música eletrônica para bateria e em 1977 lançou pela Phonogram o LP Candomblé, com diversos cantos de música ritual da nação Ketu. Hoje reconhecido mundialmente, Djalma Corrêa tem discos-solo gravados e presença nos trabalhos de artistas nacionais e internacionais."
(*) "Djalma veio de Minas estudar música erudita e começou a tocar e fazer música sofisticadíssima, eletrônica. Ele rivalizava com Walter Smetak. Os dois disputam quem era mais maluco. No porão do Seminário de Música tinha a parafernália de Smetak e a parafernália de Djalma, música eletrônica" [...]
Depoimentos de Ildásio Tavares a Ayeska Paulafreitas
In: "Música de Rua de Salvador: Preparando a Cena para a Axé Music". Ayêska Paulafreitas


Djalma Corrêa em ação no estúdio
Djalma Escreveu sobre a Percussão:
http://ensaios.musicodobrasil.com.br/djalmacorrea-apercussaonobrasil.pdf
Preparou, juntamente com Charles Murray o CD ROM Interativo "Brasil Afrodescendente", que aborda uma infinidade de aspectos ligados à cultura negra no Brasil e conta com depoimentos de autoridades nessas questões, como o compositor carioca Ney Lopes, Abdias Nascimento, Muniz Sodré, Mary Del Priore, e Raul Lody, citando apenas alguns.

Um pouco das andanças musicais de Djalma Corrêa:
SALOMÃO – The New Dave Pike Set and Grupo Baiafro in Bahia / MPS -1972
Djalma com Onias, Marundelê (Baiafro) e o The New Dave Pike Set


Djalma com o Grupo Bendegó, na contracapa do álbum de 1973
Djalma com o Grupo Bendegó e Caetano

 Lp Smetak, 1974.


Grupos Intercena: a música de percussão afro-brasileira e os espetáculos integrados de dança:


O ano de 1976 flui de forma bastante frutífera, no campo da integração das linguagens artísticas. Através da cronologia das produções do Grupo Intercena (Carmen Paternostro) podemos constatar a movimentação do músico, percussionista e diretor musical Djalma Corrêa, ora com o Grupo Baiafro (Djalma Corrêa, Vadinho do Gantois, Dudu do Gantois), ora interagindo com o Grupo Sangue e Raça, liderado por Raimundo Sodré e Roberto Mendes.
No ano de 1976, foram ao todo quatro espetáculos, destacando-se a participação de Reginaldo Flores, (o Conga) além da própria Carmen Paternostro, Vadinho e Dudu do Gantois e Mãe Nicinha. As apresentações não se restringiram à Bahia, mas percorreram diversas cidades brasileiras.

Espetáculos Integrados:

"Sete Poemas Negros" - 1976
De: Ildásio Tavares
Direção musical: Djalma Corrêa, Vadinho do Gantois, Dudu do Gantois.
Elenco : Carmen Paternostro, Lucia Cordeiro, Kátia Barbosa, Mãe Nicinha, Marquinho Rebu, Raimundo Sodré, Reginaldo Flôres (Conga), Suki Villas Bôas, Everaldo Verú.

"Afro-Expressão" - 1976
Música: Grupo Baiafro (Djalma Corrêa) e Grupo Sangue e Raça (Raimundo Sodré e Roberto Mendes).
Elenco : Carmen Paternostro, Reginaldo Flôres (Conga).

"Afro-Sertão-Sertafro" - 1976
Música: Grupo Baiafro e Grupo Sangue e Raça.
Elenco: Carmen Paternostro, Reginaldo Flôres (Conga).

"Kurt Weill se Deixa Fotografar" - 1976
Espetáculo integrado com os grupos Baiafro e Sangue e Raça; baseado na obra de Kurt Weill; direção Jacobo Romano; música Jorge Zulueta.
Elenco: Ana Maria Stekelman, Carmen Paternostro, Jacobo Romano, Jorge Zulueta, Luis Alberto Beuza, Raimundo Sodré, Reginaldo Flôres (Conga), Roberto Mendes, Rubem Dantas, Vadinho do Gantois.

Fonte: http://grupointercena.com.br/




LP Batucada Nº 4 - 1977
Idealizado pelo produtor musical Armando Pittigliani, que assina todas as faixas, o LP Batucada Nº 4 foi lançado em 1977. Os Reis do Batuque é simplesmente um nome qualquer atribuído ao grupo de instrumentistas que participaram da gravação, com a participação especial de Djalma Corrêa, que além de tocar diversos instrumentos, fez também a foto da capa. O Lado 1 é constituído de ritmos de samba, enquanto que o Lado 2 registra os diversos rítmos nordestinos. 
FAIXAS:
Lado 1
1- Solos de samba
2- Repicando
3- O Som dos "Reis do Batuque"
4- Esquentando o Samba
5- Couro Come, Ninguem Vê
6- Ritmo do Partido Alto
7- O Ritmo do Samba de Roda
Lado 2
1- Trem Batucada
2- Tambores da Selva
3- Ritmos do Nordeste:  Xote
4- Ritmos do Nordeste: Arrasta pé
5- Ritmos do Nordeste: Forró
6- Ritmos do Nordeste: Xaxado
7- Ritmos do Nordeste: Baião
8- Ritmos do Nordeste: Côco
9- Ritmos do Nordeste: Frevo de Rua
10- Ritmos do Nordeste: Maracatu
11- O Ritmo do Afoxé
12- O Ritmo do Candomblé

Comentário:
"Batucada Nº 4 (Philips, 1977) A Magia e a Empolgação dos Ritmos do Brasil, é um projeto encabeçado por Armando Pittigliani, que produziu e compôs as músicas deste disco, a coordenação artística ficou a cargo de Roberto Santana e conta com a participação do "bruxo", o Rei da percurssão, Djalma Corrêa. Como os outros volumes da série Batucada, que são baseados nos ritmos afro-brasileiros, este é pessoalmente o melhor, até pelo valor sentimental, pois cresci ouvindo esse LP, herança do meu pai. O lado A é samba puro, "Solos de Samba" que abre o álbum é contagiante, a partir daí, "Repicando", "Esquentando o Samba" e segue o baile, o lado B, começa com "Trem Batucada" e a lisérgica "Tambores da Selva", mas é dedicado aos ritmos nordestinos como o xote, maracatu e o baião e finaliza com "O Ritmo do Candomblé". É pra gringo ouvir e quem pouco conhece dos ritmos brasileiros, tá aí uma chance, pois a pegada percurssiva é uma bomba!!!"
Fonte:[http://sambaesoul.blogspot.com/2008/10/batucada-n4-1977.html]

LP Refavela - Gilberto Gil/1977
LP Candomblé - Djalma Corrêa/1977 - Phonogram/Fontana - 6470 598
LP MPBC – BAIAFRO – Djalma Corrêa/1978
http://tempomusica.blogspot.com/2011/09/djalma-correa-baiafro-1978.html



Djalma e Gilberto Gil, Montreaux-1978
LP Fala Moço - Alcyvando Luz/1980 - LP SOL-001

LP A Massa Raimundo Sodré/1980 - Polydor 2451 144
LP Sonar - Pontiaquarius/1983: Flávio Pantoja,
Robertinho Silva, Paulo Moura e outros


Djalma Corrêa e Banda Cauim/1984 Barclay - 821 375-1



LP Xingú - Guitar & Percussion
Sebastião Tapajós - Amazonas
Pedro 'Sorongo' Santos - Rio
Djalma Corrêa - Bahia



FAIXAS:
1. Xingú (Sebastião Tapajós) - Tapajós-Pedro-Djalma
2. Percutindo (Djalma Corrêa) - Djalma solo - Playbacks
3. Bacurau (S.Tapajós/Saint Clair) - Tapajós-Djalma
4. Percussorongando (Pedro Santos) Pedro solo - Playbacks
5. Odeon (Ernesto Nazareth) - Tapajós-Pedro-Djalma
6. Introdução (Sebastião Tapajós) - Tapajós-Pedro-Djalma
7. Brasileiro & Samba em Berlin (S.Tapajós) - Tapajós-Pedro-Djalma
8. Escolado (Pedro Santos) - Pedro solo - Playbacks
9. Mar - (Sebastião Tapajós) - Tapajós-Pedro
10. Xadrez (S.Tapajós& H.Costa) - Tapajós-Pedro-Djalma
11. Luz Negra (Nelson Cavaquinho/A.Cordovil) - Tapajós-Pedro-Djalma




Gravado e Mixado em São Paulo, de 27 de agosto a 01 de setembro de 1984
Direção Artística; Sebastião Tapajós
Arranjos: Tapajós-Santos-Corrêa
(C) (P) 1984, 1992 TROPICAL MUSIC

Quarteto Negro: Paulo Moura, Zezé Motta,
Djalma Corrêa e Jorge Degas - 1987 Kuarup KLP-031


A Música Brasileira Deste Século Por Seus Autores e Intérpretes
Vol. 4 CD 06: Djalma Corrêa (2001)
Esse disco integra a série feita em parceria do SESC São Paulo com a Fundação Padre Anchieta. A gravação do programaEnsaio com Djalma Corrêa foi realizada na TV Cultura de São Paulo no dia 06 de dezembro de 1994, sob a direção do Fernando Faro. O material foi lançado em um CD-livro, transcrevendo os depoimentos de Djalma e as performances dos músicos: Djalma Corrêa - Percussão, Nonato Luiz - Violão e Márcio Montarroyos - Flugelhorn.

Djalma e o Batá, um de seus muitos tambores


Da "música espontânea":
" - É uma meta um pouco complexa, pois não é improvisada, é um momento sem limite e pode tomar qualquer caminho dependendo do conhecimento que o outro tem, é como tirar a roupa em público. É uma música que nunca vai se repetir, portanto não tem ensaios."
[http://www.overmundo.com.br/overblog/djalma-correa-sons-repercussivos]
Djalma Corrêa permaneceu durante 20 anos na Bahia, mas a sua presença ficou para sempre. E a Bahia permanecerá eternamente na sua alma. 


 Algumas leituras:


http://djalmacorrea.multiply.com/
http://ensaios.musicodobrasil.com.br/djalmacorrea-apercussaonobrasil.pdf
http://ensaios.musicodobrasil.com.br/djalmacorrea-apercussaonobrasil.htm
http://www.sescsp.com.br/sesc/hotsites/mpb/mpb4/06_djalma.htm
http://www.overmundo.com.br/overblog/djalma-correa-sons-repercussivos
http://www.encontrodeculturas.com.br/2011/noticia/412
http://riomultidancas.wordpress.com/entrevistas/lucia-cordeiro/




DJALMA CORRÊA: BANDA CAUIM - 1984




Djalma Corrêa e Banda Cauim 1984 Barclay 821 375-1




Djalma Corrêa e Banda Cauim
1984 Barclay 821 375-1

FAIXAS:
Lado 1
1. Boi do Entardecer (Celso Mendes)
2. Salsa (José Vicente Brizola)
3. Na Volta (Ricardo Mattos)
4.  Forró do Rio Bonito (Celso Mendes)
Lado 2
1. Evolução (Djalma Corrêa)
2. Negro, Negro (José Vicente Brizola)
3. Por Enquanto (Ivan Machado)

Banda Cauim:
José Vicente Brizola: guitarra
Celso Mendes:  guitarra
Ivan Machado: baixo
Ricardo Matos: sax tenor, flauta
Vitor Neto: sax alto, flauta
Joca Moraes: bateria

"CAUIM (au. in) s. m. (Bras.). Espécie de bebida preparada com a mandioca cozida e fermentada. Originariamente era preparada pelos índios com caju e diversas outras frutas, como também com milho e mandioca mastigados. O vaso que continha cauim chamava-se cauaba."

Djalma Corrêa: percussão
Stenio Mendes: craviola, berrante, charmela - participação especial em "Evolução"


Evolução (Duração: 14:52)
Composição: Djalma Corrêa


Instrumentos e efeitos em "Evolução" pela ordem de entrada
1 Ritmo interno (batidas de coração)
2 Sons guturais
3 Pedras
4 Madeiras
5 Peles, tambores Batá (Iya, Itótele, Okonkulo)
6 Escala de peles (7 PTS Remo)
7 Pandeiros, 1, 2, 3
8 Escala de pandeiros (7 PTS Remo)
9 Berrador, ocarina
10 Berimbau, escala de 7 berimbaus
11 Craviola, Banjilógrafo
12 Escala de 7 gongos Paiste
13 Flauta Shakuati, guitarra, flauta, baixo, bateria, 2ª guitarra, saxofone, charmela, craviola
14 Explosão, rouxinol, caixinha de música, coração

"Tendo as batidas do coração como base o percussionista sobrepõe rítmos e melodias de várias culturas e seus respectivos instrumentos para tecer, a vários níveis, um panorama pessoal da história rítmica da humanidade ao mesmo tempo que traça os caminhos individuais e coletivos do homem. Da atual babel sonora, deste mundo de ruídos, timbres, silêncios, uma única certeza - a de que o coração manterá a pulsação primeira, símbolo da vida e do equilíbrio universal."

Idealização do Projeto: Mazola
Direção de Produção: Roberto Sant'Ana
Sec. Produção: Eva Straus
Técnicos Gravação: João Moreira, Julio César Barbosa
Auxiliares: Barroso/Manoel/Charles
Mixagem: Roberto Sant'Ana e Julio César Barbosa
Manutenção: Sulcar/Freitas/Armando/Raul
Montagem: Antonio Barroso
Corte: Ivan Lisnik
Estúdio: Polygram/Rio/16 canais
Direção de Arte: J. C. Mello
Fotos: Wilson Montenegro
Arte Final: Bruno Speranza

BANDA CAUIM & DJALMA CORREA

"Talvez seja esta a dupla mais separada. Quer em escola, quer em informação: Banda Cauim é formada por músicos que vieram do início do rock no Brasil e daí desenvolveram para o Jazz moderno. Djalma Corrêa pertence a uma família de músicos sinfônicos. Foi essa a sua primeira informação. Até o dia que foi trabalhar na Sinfônica da Bahia com o Maestro H. J. Koellreutter. Contatos com o som afro dos Candomblés e afoxés fizeram com que Djalma desse uma guinada de 180º. Hoje sem dúvida, o percusssionista mais brasileiro dos brasileiros é muito ligado à música da natureza. Ouçamos a sua faixa de 15 minutos neste álbum. Os extremos se chocam e foi o que aconteceu neste disco, neste trabalho. A Banda Cauim serviu ao Djalma como Djalma serviu à Banda Cauim."
Roberto Sant'Ana

[Agradecimentos ao blog Abracadabra - LPs do Brasil]


DJALMA CORRÊA: BAIAFRO - 1978


Música Popular Brasileira Contemporânea
Djalma Corrêa
Baiafro

(Clique para ampliar)


"Através da série M. P. B. C. - Música Popular Brasileira Contemporânea, a Phonogram se propõe a mostrar a gama diversificada de tendências hoje reveladas na música instrumental feita no Brasil, por profissionais instrumentistas, compositores e arranjadores, dispostos a encontrar o seu espaço dentro da música popular brasileira, ampliando o seu campo de ação e reconhecimento.
Coube à Phonogram criar condições para realização desse projeto, sem entretanto limitar ou interferir na concepção musical de cada um dos participantes."
"Agilidade, criatividade e domínio rítmico fazem de Djalma Corrêa um dos mais vigorosos percussionistas da atualidade. Como bom mineiro, ele vem trabalhando devagar e sempre, ao longo dos anos, na construção de uma sólida carreira de instrumentista, baseada em pesquisa, estudo e muita garra. Djalma é possuidor de instrumentos, incluindo atabaques e tambores de todos os tipos e tamanhos, flautas de encantadores de serpentes, panelas e pinicos. Isto sem falar dos instrumentos que ele mesmo inventa e constrói.
A característica mais marcante da Música Popular Brasileira sempre foi a riqueza rítmica. Injustamente relegada à condição de "cozinha", a percussão é aqui redimida pelas mãos de Djalma que sabe, como poucos, descobrir na polirritmia da vida seus silêncios e pulsações. O equilíbrio foi buscar nas verdes colinas de Ouro Preto, terra natal, onde alternava peraltices com cânticos de procissões e ensaiava as primeiras notas. Em Belo Horizonte, aprende bateria e alegra as festinhas da moçada com seus conjuntos de bossa nova. Aos 17 anos vai estudar Percussão e Composição nos seminários de Música da Universidade Federal da Bahia.
Aí entra o tempero. Mistura o barroco mineiro ao dendê, pimenta e folhas da rica culinária baiana e aprofunda o gosto afro-brasileiro. Fica em Salvador até 76. Nestes 17 anos desenvolve intensas pesquisas nos terreiros de candomblé, e, de gravador em punho entrevista pais e mães-de-santo, aprende os toques rituais e surpreende o riquíssimo universo cultural que envolve a negra Bahia.
Em 64 faz, juntamente com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia, entre outros, o espetáculo "Nós, Por Exemplo", marco inicial na carreira artístico-musical de cada um. Paralelamente participa de diversos festivais de música erudita da época com suas composições de música eletrônica. Faz fotografia e trilhas sonoras para filme e teatro. Em 70 cria o grupo de música e dança BAIAFRO, com o qual grava um LP lançado no exterior - "Salomão - The Dave Pike Set and Grupo Baiafro in Bahia"", e faz tournées e apresentações em todo país, sob o patrocínio do Instituto Cultural Brasil-Alemanha. Em 75 Djalma participa como convidado especial dos espetáculos que o guitarrista alemão Volker Kriegel e a Mild Maniac Orchestra fazem no Brasil. Em 76 reencontra, já no Rio, os quatro baianos e juntos voltam ao palco no show "Os Doces Bárbaros". Em novembro do mesmo ano vai com Maria Bethânia à Itália para o espetáculo de reabertura do Teatro Sistina. Em 77 produz o LP "Candomblé", selo PHILIPS e participa com Gilberto Gil do Festival de Arte e Cultura Negra, em Lagos, Nigéria, tocando também com este no "show" e LP "Refavela". Djalma Corrêa é o responsável pela execução do Projeto PHONOGRAM de Pesquisa e Documentação do Folclore do Brasil, realizado de 73 a 75, em todo território nacional e que reúne em fita, filme e fotografia as manifestações mais características de nossa cultura. Falar em Djalma é falar de um músico múltiplo, sanguíneo, Mago do Som, "bruxo" da polirritmia criadora e transformadora da raça brasileira."


"HOMENAGEM A UM ÍNDIO CONHECIDO" - evidencia a musicalidade da prosa e canto de um dialeto do tronco linguístico Gê. A recriação do clima natural é obtida através de pios, flautas e pequenos tambores nativos. Este índio foi encontrado há alguns anos atrás nas ruas de Salvador.
"SAMBA DE RODA NA CAPOEIRA" - é uma maneira um pouco mais erudita de cantar o samba de roda e a capoeira, duas das manifestações populares mais autênticas da boa terra. Nos versos, uma alusão à repressão policial que a capoeira sofreu no passado, superada graças à malícia e manha da nossa gente.
"BAIAFRO" - efetua a transfusão das matrizes africanas ao universo rítmico brasileiro.
"SAMBA DE OUSADIA" - bate-papo bem humorado entre a cuíca do exímio instrumentista Neném e o tambor-falante (talking-drum) de Djalma. O diálogo evolui para um samba quente, da queles que na Bahia costuma-se chamar "de ousadia", com todos os ingredientes da sensualidade negra.
"BANJILÓGRAFO" - é uma pequena caixa contendo teclas (semelhantes a uma máquina de escrever) sobrfe cordas finas. A linha melódica fica por conta do violão sertanejo de Sodré, baiano natural de Santo Amaro da Purificação.
"OS 4 ELEMENTOS" - trabalho experimental que parte do som natural da Água/Terra/Ar/Fogo para ubi-lo à cantiga e ao toque ritual do Orixá correspondente. Como se sabe, as divindades do panteão afro-brasileiro representam na sua grande maioria, as forças elementares da natureza.
"PIANO DE CUIA" (Kissange) - foi largamente utilizado pelos escravos no tempo do Brasil Colonial. O piano utilizado nesta gravação foi construído por Djalma que, nas suas pesquisas, encontrou alguns remanescentes deste instrumento entre descendentes africanos.
"TUDO MADEIRA" - inclui grande variedade de instrumentos deste material, entre os quais o balafon, flauta marroquina, cabaças, tambores, blocos e pulseiras.

FAIXAS

Lado 1
1. Homenagem a um Índio Conhecido (Djalma Côrrea)
2.  Samba de Roda na Capoeira
(Folclore Baiano, adaptação para coral de Fernando Cerqueira)

3. Baiafro (Djalma Corrêa)
4.  Samba de Ousadia (Djalma Corrêa)
5. Banjilógrafo (Djalma Corrêa)
Lado 2
1. Os Quatro Elementos
A - Água/Oxum 
B - Terra/Oxossi 
C - Ar/Yansã 
D - Fogo/Xangô 
(Temas tradicionais do Culto Afro-Brasileiro-Adap. Djalma Corrêa)5. Piano de Cuia (Djalma Corrêa)
6. Tudo Madeira (Djalma Corrêa)

Ficha Técnica:

Direção de Produção: Armando Pittigliani
Coordenação Musical: Marcos de Castro
Estúdio: Phonogram (8 canais)
Técnicos de Gravação: Jairo Gualberto - João Moreira
Auxiliares de Estúdio: Anibal - Julinho
Mixagem: Djalma Corrêa - A. Pittigliani
Corte: Ivan Lisnik
Ilustração e Capa: Aldo Luiz
Foto: Januário Garcia
Arte Final: Jorge Vianna
Gravações de base em 4 canais feitas no Estúdio gentilmente cedido pela Escola e Música e Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia. Técnico de gravação: RAILTON CORRÊA.
Participação especial nas faixas:
"SAMBA DE RODA NA CAPOEIRA" 
Coral da Juventude do Mosteiro de São Bento - Salvador, Ba
Solista: Paulo Gondim
Atabaques: Euvaldo Freitas (Vadinho) - 
Eduardo Freitas (Dudú)
"BANJILÓGRAFO" Raimundo Sodré - Violão
"OS QUATRO ELEMENTOS" Conjunto de Flautas "Musika Bahia"
Direção: Maria do Carmo Corrêa
Solistas: Helena Rodrigues - Luciano de Carvalho Chaves
Integrantes: Conceição Perroni - Bárbara Vasconcelos - Maria do Carmo Corrêa
"PIANO DE CUIA" Raimundo Sodré -  Violão
Baiafro
Tema Instrumental
Djalma Corrêa

Samba de Roda na Capoeira
(Folclore Baiano, adaptação para coral de Fernando Cerqueira)
Interpretação: Djalma Corrêa/Baiafro e Coral da Juventude
Solista: Paulo Gondim

Bahia, minha Bahia
Capital do Salvador
Quem não conhece a capoeira
Não é bom conhecedor
Quem quiser pode aprender
Todo homem tem valor
Foi no sangue da Bahia 
Que meu coração mamou
Camaradinho
Salve a Bahia
(Iê, salve a Bahia, camará)
Rio de Janeiro
Morro de São Paulo
Volta do mundo
O que o mundo deu
O que o mundo dá
Vamos jogar
Capoeira
Viva meu mestre

Ai, ai, Aidê
Joga bonito que eu quero ver
Ai, ai, Aidê
Joga bonito que eu quero aprender
Oi pega esse nego
(Esse nego é o cão)
Derruba esse nego
Esse nego é o cão

...

'Tava na roda do samba
Quando a polícia chegou
Vamo' acabar com esse samba
Que o delegado mandou
Cai, cai
Por cima de mim
Cai, cai

Iê galo cantou
(Iê, galo cantou, camará)
Cocorocô
É hora, é hora
Vamos embora
Pelo mundo afora
Salve a Bahia
Iê, salve a Bahia, camará


Djalma Corrêa, contracapa do LP Baiafro, 1978



[Agradecimentos ao blog Abracadabra - LPs do Brasil]


DJALMA CORRÊA: CANDOMBLÉ - 1977


LP Candomblé, de Djalma Corrêa:
um registro sonoro da ancestralidade afro-brasileira.
 Candomblé - LP - Phonogram/Fontana - 1977 - (Fontana/Philips) - 6470 598
(Clique para ampliar)
FAIXAS:
Lado 1
1.Exu
2.Ogum
3.Oxossi
4.Ossanha
5.Obaluaê
6.Oxumarê
7.Xangô
8.Iansã
Lado 2
1.Oxum
2.Nanã
3.Yemanjá
4.Euá
5.Obá
6.Oxalá
7.Avania
Texto da Contracapa:
"Como músico e estudioso da cultura afro-brasileira, sempre considerei de fundamental importância a documentação do riquíssimo repertório oral dos povos de descendência africana no Brasil. Este é o primeiro de uma série de LPs que mostrará cânticos rituais das diversas nações que aqui chegaram, provenientes das mais diversas regiões da África. No presente trabalho reproduzimos elementos do candomblé do grupo Ketu, originário do oeste da Nigéria, e que, juntamente com outros grupos da cultura iorubá-nagô, tais como os oyó, egbádo, ijexá e sabê, sobreviveu com uma estrutura própria, vindo a influenciar - apesar de também assimilar elementos da cultura gêgê (Daomé) - as outras nações, exercendo um papel de destaque e predominância no cenário religioso nacional.
Através da preservação de suas tradições sacras, os iorubas conseguiram sobreviver como cultura viva e dinãmica através destes séculos. O registro é oportuno, dado às inevitáveis mudanças e transformações ocorridas na sociedade global.
A festa pública no terreiro inicia-se dentro do barracão com o padê (despacho para Exu), seguindo-se o xirê, cerimônia que corresponde a um convite aos orixás (divindades do panteão nagô) para que compareçam incorporando seus "filhos" (iniciados no culto). A saudação às divindades obedece a uma hierarquia própria: a abertura pertence a EXU, primeiro orixá dentro da casa de candomblé, respeitadíssimo por servir como intermediário entre os deuses e os homens, sendo que sem o seu consentimento nada se realiza.
Sauda-se Exu dizendo Laroiê! A seguir canta-se para OGUN, orixá patrono do ferro e das ferramentas, senhor da guerra - Ogunhê! OXOSSI, patrono da caça e dos caçadores, com Okê Arô! OSSANHA, senhor da vegetação, das ervas e das folhas, das poções medicinais e rituais - Eu uêu; OBALUAÊ ou OMOLÚ, patrono das doenças de pele, especialmente a varíola - Atotô!; OXUMARÊ, o arco-íris, que relaciona os dois elementos-terra e infinito -, cuja saudação é Orroboboi!; XANGÔ, deus do trovão e do raio, orixá da casa real de Oyó, Nigéria, símbolo da dinastia - Kawô Kabiesilê!; IANSÃ, deusa dos ventos e tempestades, patrona soberana dos mortos, saudada por Eparrêi!; OXUM, orixá da água, da fertilidade e das riquezas - Ora iê iê ô!; NANÃ ou NANÃ BOROCÔ, a mais velha dos orixás da água e da terra, das fontes, do barro e da agricultura - Salubá! IEMANJÁ, orixá-mãe, deusa das águas, cuja saudação é Odoiá!; EUÁ, santa guerreira, uma das mulheres de Xangô, sendo sua saudação Ri Ró!; OBÁ, terceira mulher de Xangô, guerreira temida, deusa do rio Obá (África) - Obá xi!; e o último e mais importante orixá do complexo nagô, OXALÁ, também chamado ORIXALÁ e OBATALÁ, princípio da simbologia do branco, deus da criação, da justiça e da harmonia, marido de NANÃ e pai de todos os orixás, cuja saudação é Êpa Babá!
Reza a tradição que seja contado o mínimo de três e o máximo de sete cantigas para cada divindade. Devido ao espaço decidimos gravar apenas uma para cada orixá, optando pela smenos conhecidas, ainda inéditas em disco. No candomblé Ketu usa-se o dialeto iorubá, herdado oralmente, o que poderá acarretar controvérsias quanto à pronúncia correta. Vale aqui ressaltar o fato da tradição oral preservar fundamentalmente o som da palavra.
Os instrumentos utilizados são três atabaques de diferentes tamanhos: o RUN (grande), o RUMPLI (médio) e o LÊ (pequeno), além do GÃ (agogô).
As pessoas que participam desta gravação - alabês (tocadores) e "filhas" de santo - pertencem às mais tradicionais e respeitadas casas de cultoi afro da Bahia.
DJALMA CORRÊA"

Ficha Técnica:
Coordenação de Produção: Roberto Santana
Direção de Produção: Djalma Corrêa
Capa, Fotos e Texto: Djalma Corrêa
Atabaques: Vadinho, Dudu, Alcides.
Vozes: Alice, Eliana, Vadinho, Dudu, Alcides.

Comentário:
[...] "um grande estudioso e batalhador do resgate e do registro de várias manifestações dos cultos brasileiros e neste disco contribui com o registro do grande alabê Vadinho do Gantois, acompanhado por outros excelentes músicos de outras casas da Bahia." [...]
Trecho transcrito do blog: [http://acervoayom.blogspot.com]