domingo, 25 de novembro de 2012

O DONO DA CASA – A PERCUSSÃO DE DJALMA CORRÊA


QUINTA POÉTICA APRESENTA


O DONO DA CASA – A PERCUSSÃO DE DJALMA CORRÊA


Nesta quinta feira, dia 07 de maio às 19hs na Escola Guignard o projeto Quinta Poética apresenta o músico percussionista Djalma Corrêa. Entrada Franca
Utilizando material audiovisual, muita música e bate papo, Djalma Corrêa irá contar um pouco da sua trajetória musical estabelecendo ligações com a história da percussão no Brasil.

Chamado de bruxo, mago, alquimista, mestre da percussão, Djalma Correa se destaca por sua relevância na história da música brasileira e por maneira particular de tocar e de se relacionar com ela. Sua leitura e interpretações do Brasil sonoro resultam em uma estética musical tradutora de nossas múltiplas identidades culturais, percebida nitidamente no toque do seu tambor chefe: “o dono da casa”.

“Irei utilizar meu acervo de vídeos e fotos para contar passagens importantes e divertidas da música brasileira. Irei falar também dos músicos que toquei, que influenciaram minha música e que contribuíram com meu processo de criação, como por exemplo meu encontro com Dizzy Gillespy ( EUA), Tata Guines (Cuba), Koellreutter, Walter Smetak, Vicente Assuar, e muitos outros”, afirma Djalma.
Segundo Benedikt Wiertz, Diretor da Escola Guignard, “a trajetória musical de Djalma Corrêa se mistura com a história da música brasileira. Seu processo de criação é peculiar. A idéia da apresentação dele aqui na Quinta Poética é fazer provocações que o faça relembrar passagens importantes da sua formação artística.”




SUA FORMAÇÃO

Dos sinos de Ouro Preto vieram suas primeiras percepções musicais. Aos 14 anos torna-se músico profissional em Belo Horizonte, tocando bateria em bailes de gafieira.

Em Salvador teve sua formação marcada pelos Seminários Livres de Música da Universidade Federal da Bahia, onde estudou com os professores H. J. Koellreutter, Walter Smetak, Vicente Assuar, entre outros. Participou ativamente de importantes movimentos musicais que ali surgiam, como o Tropicalismo. Teve contato com a cultura afro-brasileira nas cerimônias dos terreiros de candomblé.

Pesquisador da cultura negra, foi responsável pela execução do Projeto Phonogram de Pesquisa e Documentação do Folclore no Brasil, desenvolvido entre 1973 e 1975. Reuniu em acervo particular, durante cerca de 40 anos de pesquisa de campo em todo o Brasil, vasta documentação da cultura popular brasileira, além dos registros feitos paralelamente na África, em Cuba, na Venezuela e na Europa.

Participou de vários festivais internacionais, escreveu trilhas sonoras para cinema (como para Martin Scorcese, A última Tentação de Cristo) e teatro, gravou com grandes nomes da MPB, trabalhou a percussão com enfoque didático em oficinas e masterclasses, no Brasil e no exterior e coordenou projetos na área da cultura afro-brasileira.

A influência de Djalma na história da percussão é claramente percebida, deixando marcas diretas e indiretas na formação de novos músicos.




O DONO DA CASA

Dono de um arsenal de instrumentos como atabaques, tambores de todos os tipos e tamanhos, cuícas, panelas, penicos, flautas, crânio, pios do mundo todo e outros como o "Banjilógrafo - pequena caixa contendo teclas como se fossem máquina de escrever que tocam sobre cordas finas -, o “Sacará” - instrumento de cerâmica encontrado na Nigéria e tocado normalmente por mulheres, chamado na Europa de tambor étnico - além dos fabricados por ele, como “o Dono da Casa".

Este é o nome dado pelo músico para o tambor principal de seu set. Construído dentro de uma técnica africana que utiliza fogo e água para escavar a madeira e feito de tronco de uma única árvore, este instrumento representa bem a relação do músico com sua música.Os instrumentos são um retrato da relação do músico e da percussão com o mundo e com o próprio conceito de música.

“ Este tambor é inseparável, já rodou o mundo todo comigo e é meu amigo predileto. Essa madeira eu encontrei lá no Amazonas, quando estava em uma turnê e o primeiro couro que O Dono da Casa teve era do burro Julico que eu andava lá na Bahia, na ilha de Itaparica. Quando o burro estava para morrer eu disse que queria duas coisas: a pele e a queixada. E quando ele morreu a pele veio para este tambor e deu este som grave, bonito, inconfundível. Minha marca registrada."



Djalma Corrêa


Djalma Corrêa teve sua formação marcada pelos Seminários Livres de Música da Universidade Federal da Bahia, em Salvador, onde estudou, entre os últimos anos da década de cinqüenta e os primeiros da de sessenta, com os professores H. J. Koellreutter, Walter Smetak, Vicente Assuar, entre outros. Nesse período, tocou na Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Bahia, no Conjunto Universitário de Jazz e engajou-se em importantes movimentos musicais que ali surgiam. Ao longo de sua trajetória como percussionista, compositor e pesquisador, ele participou de vários Festivais Internacionais de música, escreveu trilhas sonoras para cinema e teatro, gravou com grandes nomes da MPB, trabalhou a percussão com enfoque didático em oficinas e masterclasses, no Brasil e no exterior, reuniu em acervo particular expressiva documentação da cultura brasileira e de outros países, coordenou projetos na área da cultura afro-brasileira, dentre outras atividades.
Destacam-se sua participação no Montreux Jazz Festival (Suíça); Jazz Fest Berlin (Alemanha); Festival de La Unidad (México); Festival de Arte e Cultura (Nigéria); Festival de Varadero (Cuba); Festival Internacional de Jazz de São Paulo (Brasil), Festival Rock in Rio (Brasil); Free Jazz Festival (Brasil); Festival Expressions’86 (EUA); Encuentro Latinoamericano de Percusión (Venezuela); em turnês no Japão, França, Itália e nos Estados Unidos; nos lendários shows Nós por exemplo, de 1964, e Os Doces Bárbaros, de 1976, com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia; nos espetáculos do guitarrista alemão Volker Kriegel e da Mild Maniac Orchestra, no Brasil, em 1975, como convidado especial; no espetáculo de reabertura do Teatro Sistina, na Itália, em 1976, com Maria Bethânia; no disco Aquarius com Patrick Moraz; na composição de Peter Gabriel ganhadora do Grammy (“Mercy Street”), e na trilha sonora, do mesmo compositor, para o filme A última tentação de Cristo, de Martin Scorsese; em gravações marcantes no cenário da Música Popular Brasileira, como os LPs Jóia, Qualquer Coisa e Bicho (de Caetano Veloso), Gil e Jorge (de Gilberto Gil e Jorge Ben), Refavela, Realce, Gilberto Gil ao Vivo em Montreux, O Luar, Parabolicamará (de Gilberto Gil), Refestança (de Gilberto Gil e Rita Lee), Almanaque e Chico Buarque (de Chico Buarque de Holanda), Caras e Bocas (de Gal Costa), Mel (de Maria Bethânia), entre vários outros.
Destacam-se também a criação do grupo multimídia Baiafro, ainda na Bahia, em 1970; o lançamento do LP Baiafro, pelo qual recebeu o Troféu Villa-Lobos como instrumentista do ano, em 1978, seguido de tournées com o grupo e com The Dave Pike Set, sob o patrocínio do Instituto Cultural Brasil-Alemanha; a composição da música para o documentário Black Music in Brazil, em série da BBC de Londres; a gravação do LP Grupo Cauim, em 1980; a gravação do LP Evolução (Ariola), em 1984; a gravação do LP Quarteto Negro, em 1987, com os
parceiros Paulo Moura, Zezé Mota e Jorge Degas; a gravação do LP Gosto de Brasil, com Nonato Luiz, em 1990; a série de concertos com Márcio Montarroyos e Nonato Luiz, em 1992, que participaram também do CD Djalma Corrêa, produzido pelo SESC São Paulo, dentro da série A Música Brasileira deste Século – por seus autores e intérpretes; a gravação do CD Barro Oco, em 2000, com a saxofonista Maria Bragança, seguido de apresentações no Theater Frankfurt (Alemanha), na série Internationales; a coordenação do projeto “Música Além do Mercado”, durante o ano de 2003, patrocinado pelo Goethe Institut, na cidade de São Paulo; a realização de oficinas de música nos Festivais de Inverno de Curitiba, Cascavel, Ouro Preto, Porto Alegre, Pelotas e Diamantina, entre as quais as oficinas de percussão e craviola, em parceria com Stênio Mendes.
Pesquisador da cultura negra, Djalma foi o responsável pela execução do Projeto Phonogram de Pesquisa e Documentação do Folclore no Brasil, desenvolvido entre 1973 e 1975. Reuniu em acervo particular, durante cerca de 40 anos de pesquisa de campo em todo o Brasil, vasta documentação da cultura popular brasileira, além dos registros feitos paralelamente na África, em Cuba, na Venezuela e na Europa. Parte de seu acervo particular de documentação sobre música e outros aspectos da cultura popular brasileira foi utilizada na realização, em parceria com Charles Murray, de um CD rom sobre os diversos aspectos da cultura negra no Brasil, intitulado Brasil Afro-descendente. Foi curador do 1o Festival Internacional de Arte Negra – FAN, em 1995, para o qual desenvolveu oficinas de afoxé nas periferias de Belo Horizonte e organizou a Banda Mineira de Percussão. Em dezembro de 2003, participou da idealização e fundação do Núcleo Brasileiro de Percussão, sendo eleito seu Diretor Geral.

Em 2004, o percussionista preparou, a convite, a oficina de dança e percussão oferecida ao Departamento de Dança do Goucher College de Baltimore, Maryland (USA), no Rio de janeiro (Brasil); a oficina intitulada La Percusión en Brasil: la musica en los terreiros, seguida de um concerto para a percussão, dentro da programação oficial do I Festival Internacional de Tradições Afro-Americanas, em Maracay, Aragua – Venezuela; e, em julho, pelo Núcleo Brasileiro de Percussão, uma oficina baseada nas diversas versões da tradição carnavalesca do Zé Pereira, espalhadas pelo Brasil, dentro da programação do I Fórum das Artes de Ouro Preto, Minas Gerais (Brasil).


O Quinta Poética acontece toda semana, com entrada franca, no auditório da Escola Guignard-UEMG - na rua Ascânio Bulamarque, 540 Mangabeiras.
Informações: 3194 – 9310

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